Resenha | Os quatro amores – C. S. Lewis

 

Publicado pela primeira vez em 1960, “Os quatro amores” é mais uma das magníficas obras do escritor irlandês C. S. Lewis. O autor apresenta algumas significações das várias formas de amor. Assim sendo, qual a definição de amor?

O apóstolo Paulo descreve como o maior de todos os sentimentos: “Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém, a maior delas é o amor”  (1 coríntios 13:13). Séculos mais tarde, o autor português Luiz Vaz de Camões aponta o dualismo desse sentimento: “o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente". No século XX, Lewis – um dos mais influentes escritores da literatura Cristã – desdobra esse sentimento em quatro significações diferentes: Afeição, Amizade, Eros e Caridade.

O livro é dividido em introdução e cinco capítulos. Primeiramente, Lewis descreve o amor em relação ao sub-humano, ou seja, o gostar e amar referente a coisas rotineiras da vida. Nos capítulos seguintes discorre sobre os quatro amores separadamente, cada um com suas particularidades, o que torna a compreensão menos complexa. Diferentemente de outras obras do autor, que tem uma escrita rebuscada, “os quatro amores”, tem uma narrativa leve, simples e compreensível, pois se utiliza de vários exemplos do dia a dia para exemplificar seu magnífico pensamento. Essa é uma daquelas obras que perpassa gerações, traz um conteúdo relevante para vida cristã, familiar e social.

Para Lewis, o amor ao se expressar em diferentes formatos traz uma ressignificação única a cada uma das variáveis, no entanto, eles se inter-relacionam, assim, o autor descreve como cada um se comporta nos relacionamentos, expondo seus pontos positivos e negativos. É possível que haja algo de maléfico no amor, um sentimento tão nobre? Segundo Lewis, “o amor que se transforma em um deus, torna-se um demônio”, aqui temos a definição de idolatria, em que o ser adorado é o próprio amor, e por esse sentimento, às vezes, pessoas se corrompem para adequar-se ao outro.

A verdade de que Deus é amor poderá traiçoeiramente vir a significar para nós o inverso, isto é, que o amor é Deus. (p. 18)

Quando as coisas naturais se parecem quase divinas, o demônio estará logo ali, virando a esquina. (p. 138)

O deus morre ou se torna um demônio, a não ser que obedeça a Deus. (p. 154)

Porém, Da mesma forma, que o autor apresenta características desfavoráveis, conforme acima citada, também são frisados os pontos favoráveis desse sentimento, e logo, contata-se, que o amor tem muito mais a oferecer do que a mente humana possa imaginar, já que Deus é a própria definição do que é o amor, pois, “em Deus não existe fome que necessite ser saciada, somente fartura que deseja se dar” (p. 170).

 

Deus que de nada necessita, traz amorosamente à existência criaturas completamente supérfluas com a finalidade de amá-las e aperfeiçoá-las. Ele cria o Universo,  já antevendo – ou deveria dizer “vendo”? Não existem tempos verbais em Deus. (p. 170)

Por fim, conclui-se que, “Os quatro amores” é uma obra primorosa, os temas abordados exteriorizam pensamentos inconscientes que instigam o leitor a uma intensa reflexão. Lewis nos leva a contemplar as várias faces do amor, construindo uma narrativa clara e objetiva. O livro é tão incrível quanto seu criador. Vale a pena ler e reler! 

Veja mais livros de C. S. Lewis:

• O grande divórcio 
• Cartas de um diabo a seu aprendiz 
• Cristianismo Puro e Simples
• O peso da glória 
• Até que tenhamos rostos 
• 60 frases de C. S. Lewis

Sinopse: Como expressar de maneira profunda um sentimento comumente tratado de forma tão rasa? Para o célebre escritor C.S. Lewis, o amor pode ser comunicado de quatro maneiras: Afeição, a forma mais básica de amar; Amizade, considerada a mais rara; Eros, o amor apaixonado; e Caridade, o maior e menos egoísta deles. Em Os quatro amores, um de seus livros mais influentes, agora enriquecido por nova tradução, Lewis contempla a essência do amor e avalia como cada tipo se ajusta aos demais. Com a maestria que o tornou um dos autores mais importantes do século XX, ele desafia e incorpora definições clássicas do amor de uma forma que continua atual e relevante. Como lembra o autor, foi por amor que Deus fez existir criaturas inteiramente supérfluas, somente a fim de poder amá-las e aperfeiçoá-las.

Títiulo: Os quatro amores | Autor: C. S. Lewis | Editora: Thomas Nelson Brasil (1ª Ed. 2017) | Páginas: 192 | Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐