Imagem do livro Escravo de John MacArthur, sobre uma mesa

Quando pronunciamos a palavra escravo, uma das primeiras lembranças que vem a mente são os anos  dolorosos da época da escravidão, que existiu em várias partes do mundo, extinta em 1888 no Brasil. Talvez, em decorrência disso alguns tradutores usam a palavra servo ao invés de escravo (doulos em grego), utilizada no texto original, para não associar os ensinamentos bíblico com a opressão do sistema escravocrata, substituindo a palavra escravo por servo. É com  o objetivo de esclarecer o verdadeiro sentido da palavra escravo, diferenciando-a de servo, que John Macarthur nos presenteia com esse livro, de narrativa clara, concisa, pertinente e relevante a vida cristã.


Capa divulgação do livro Escravo de John MacArthur

Sinopse: Em Escravo, John MacArthur traz à luz um elemento essencial da identidade do cristão, que ficou oculto a partir da tradução de muitas versões modernas da Bíblia. Neste livro, MacArthur resgata a correta tradução da palavra grega doulos, que é de grande importância para o bom entendimento do que é ser um cristão genuíno. Presente 124 vezes no texto original do NT, a palavra escravo (doulos), por motivos incertos, foi substituída por servo. Segundo MacArthur, essa tradução incorreta acobertou o verdadeiro significado do termo escravo e trouxe grande perda para o ensino correto do evangelho, o qual ordena que os crentes se submetam a Cristo completamente, não apenas como servos contratados, mas como quem pertence inteiramente a Ele. A partir desta correta compreensão, MacArthur convida o leitor a redescobrir uma antiga e rica perspectiva do significado de ser escravo de Cristo.


Leia também:


Vejamos quais são os significado de doulos (grego), escravo e servo: 


 ✔ Doulos – Palavra grega que significa escravo;

✔ Escravo - Indivíduo que está ou foi privado de sua liberdade, sendo submetido à vontade de outrem, definido como propriedade;

✔ Servo - Numa sociedade feudal, quem pertencia a um senhor sem ser escravo; quem oferece ou realiza serviços; criado, funcionário contratado.


Embora seja verdade que as obrigações de escravo e servo poderia se sobrepor em algum grau, há uma distinção crucial entre os dois: os servos são contratados, os escravos de propriedade. Os servos têm um elemento de liberdade para escolher em quem eles trabalham e o que fazem. A ideia da escravidão mantém o seu próprio grau de autonomia e direitos pessoais. Escravos, entretanto, não têm liberdade ou autonomia, ou direitos. [...] Ser escravo de alguém era para ser sua possessão, obrigados a obedecer a sua vontade sem duvidar ou discutir.


Portanto, as três palavras tem praticamente o mesmo significado, porém existe um paradoxo entre elas, os escravos eram uma propriedade do seu Senhor, não tinham vontade própria, viviam conforme a vontade de seus senhores, em absoluta sujeição, enquanto os servos não eram propriedades de seus senhores, eram trabalhadores, sem ser escravos. Exatamente por isso, que na versão original a palavra usada foi escravo (doulos). Somos  escravos de Cristo porque pertencemos completamente a Ele, devemos viver conforme sua vontade.


A posição real, então, para um homem é um escravo de Deus ... submissão absoluta, obediência inquestionável, de domínio completo... o direito de esperar que esses comandos sejam cumpridos sem hesitação, de forma rápida, rigorosa e totalmente, essas coisas são inerentes à nossa relação com Deus. [...] nossa escravidão a Cristo tem implicações radicais para a forma como pensamos e vivemos. Fomos comprados por bom preço. Nós pertencemos a Cristo.


Outras resenhas:


O livro também traz uma explanação do que é ser cristão genuíno, o verdadeiro seguidor de Cristo, aquele que vive conforme os desígnios bíblicos, que optou por libertar-se da escravidão do pecado para ser um escravo de Cristo. Instigando que Deus nos adotou como filhos, nos deu livre acesso a Ele, para chamarmos de Aba, pai. ”Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Romanos 8:15 ALM). E se somos seus filhos o amor deve fluir entre nós sem preconceitos, independentemente de nossa origem ou classe social, sem acepção de pessoas.


 Enfim, o livro Escravo: A verdade escondida sobre nossa identidade em Cristo, nos estimula a realizar uma autoanálise de nossa verdadeira identidade cristã. A forma com a qual nos encontramos diante de Cristo, estamos vivendo de acordo com os preceitos de Cristo ou de acordo com as nossas próprias vontades? Ou ainda, será que a vida que estamos vivendo ou que demonstramos viver reflete o que realmente somos interiormente? Será que realmente sou cristão? Ser batizado ou fazer parte de uma igreja não faz de nós um cristão. “A profissão de fé que nunca evidenciou-se em comportamento correto é uma fé morta.” Viver plenamente, abandonando seu eu orgulhosos, suas vontades e entregar-se completo e intensamente às vontades de Deus. Sabemos que jamais viveremos totalmente como Cristo viveu, pois Ele é perfeito, nos imperfeitos. Porém, o arrependimento sincero e a ampla entrega de persistir em obedecer às escrituras, procurando a todo tempo ser parecido com Jesus, submisso a sua autoridade, a sua única e exclusiva vontade, nos torna um escravo de Cristo.


"Todavia, graças a Deus, porquanto, embora havendo sido escravos do pecado, obedecestes de coração à forma do ensino a que fostes submetidos. Vós fostes libertos do pecado e vos tornaram escravos da justiça" (Romanos 6:17-18 KJA). Assim, a metáfora bíblia escravo de Cristo, é totalmente pragmática. Como filhos amados de Deus, somo convocados a andar em extrema obediência com o Pai, sujeitos à sua autoridade e obrigação de obedecer aos seus comandos, em total abnegação da escravidão do pecado para tornar-se definitivamente escravos da justiça. “Viver  na terra como cidadão do céu.” No entanto, aqueles que persistem no pecado demonstraram que nunca forma realmente adotados na família de Deus, pois os verdadeiros filhos manifestam características de sua nova família.


Portanto, a diferença irrefutável da premissa que o livro trouxe é que não somos servos ou funcionários  contratados, mas escravos, que devem obediência absoluta e lealdade inquestionável. Esse é um livro necessário para ampliar nossa visão como cristãos, sendo que estamos, a todo tempo, cercados pelas tentações que o mundo oferece com a tendência de ofuscar nossa percepção da vida com Cristo. Como disse Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20 ALM). Um livro recomendável para todos aqueles que optaram por uma vida a forma de Jesus. Assim sendo, o que é ser cristão? Ser cristão é um escravo de Cristo.


Título: Escravos - A verdade escondida sobre nossa identidade em Cristo 

Autor: John MacArthur

Editora: Fiel (1ª Ed. 2012)

Páginas: 235


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