Por que devemos perdoar setenta vezes sete?

 

Na época de Jesus, os rabinos ensinavam que a pessoa deveria ser perdoada três vezes de seu pecado. Provavelmente, portando desse fato, o discípulo Pedro, tentou ser mais generoso com a quantidade de perdões e perguntou a Jesus: “— Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes? Não! — respondeu Jesus. — Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.” (Mateus 18:21-22)

Quatrocentas e noventa vezes (70x7=490) foi o que Jesus disse, então, será que temos que fazer checklist para ir diminuído e quando chegar em quatrocentos e noventa e um (491), pronto, não precisa mais perdoar, meta batida. Nada disso! O perdão não é uma fórmula matemática, não é uma medida quantitativa, mas qualitativa, pois é o estado do coração. 

Jesus disse a expressão “setenta vezes sete” para explicar que o perdão não tem limites, é abundante e incalculável, devendo ser feito quantas vezes for preciso. William Hendriksen diz que “o perdão não tem fronteiras”.

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Por que perdoar o indesculpável?

Perdoar é uma das lições ensinadas por Jesus mais difíceis de serem cumpridas. Às vezes, exige um elevado sacrifício em trabalhar a mente para não sentir rancor pela parte ofensora, principalmente, quando esta não se arrepende ou o seu ato acarretou danos irreparáveis, sejam eles físicos, psicológicos ou materiais. 

Mesmo assim, precisamos nos esforçar para liberar o perdão porque a mágoa não é maléfica para o culpado, mas para vítima, pois, corrói a alma e aprisiona a mente. Além disso, o verdadeiro seguidor de Cristo deve perdoar como o Senhor também nos perdoou. C. S. Lewis tem razão ao dizer que “Desculpar o que pode realmente ter uma boa desculpa não é caridade cristã, é apenas justiça. Ser cristão significa perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em você.”

"E perdoem uns aos outros, assim como Deus os perdoou em Cristo." (Efésios 4:32)

O perdão cura

Muitos acreditam que perdoar é esquecer ou retornar o convívio com a parte culpada, não é isso, pois, uma pessoa tanto pode se relacionar com o outro sem nunca tê-lo perdoado, como pode cortar as relações, e liberar perdão. Quanto a esquecer, perdoar não é adquirir amnésia, esse é um processo longo e árduo, mas necessário, é como uma ferida que demora para ser curada, até que um dia ela se fecha, e quando você olha para a cicatriz, se lembra da ferida, porém, não sente mais dor.

O perdão é o remédio que cura as feridas da alma. Não pense que ao perdoar você estará liberado o outro da culpa, de forma alguma, ao perdoar você estará se libertando do ressentimento. Perdoar é viver livre do peso que você não fez nada para merecer. E a melhor forma de iniciar esse processo de cura é por meio da oração.

Portanto, peça ao Senhor que ajude a encontrar paz de espírito, e livre desse mal que aprisiona o coração, entregando o ofensor aos cuidados de Deus. Além de encontrar a cura estará também obedecendo a Jesus, quando ele diz: “orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44). “Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.” (Marcos 11:25-26)