Frase de macahdo de assis

“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!” (Machado de Assis)

Considerado como um dos maiores nomes da literatura brasileira, Machado de Assis (1839-1908), escreveu quase todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Dentre sua vasta obra, escreveu dez romances, abaixo listados por ordem cronológica de publicação, com suas respectivas sinopses:


1. Ressurreição (1872)

"Este é um romance que marcará época na nossa literatura e será para Machado de Assim o começo de uma carreira triunfal", escreveu Joaquim Serra, para um jornal de Porto Alegre (RS), em 1872. Décadas mais tarde, um dos maiores biógrafos do autor: Jean - Michel Massa, professor emérito da Universidade de Rennes 2 (França), afirmou " É indispensável conhecer as fases iniciais do escritor Carioca e não se concentrar de maneira de maneira excessiva e exclusiva em sua maturidade". Sem pretender um livro de costumes, o autor expõe neste seu primeiro romance o contraste entre duas personalidades, Lívia e Félix, este considerado por alguns estudiosos o rascunho de Bentinho, um dos personagens - chave da literatura nacional.

 

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2. A Mão e a Luva (1874)

A Mão e a Luva é o segundo romance escrito por Machado de Assis, publicado em 1874, sua primeira experiência como folhetinista de jornal, seguindo o exemplo de seus amigos Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar. Publicado em 20 folhetins, com o subtítulo "Um perfil de mulher", nos rodapés de O Globo, jornal dirigido por Quintino Bocaiúva, entre 26 de setembro e 3 de novembro (não diariamente). Conquanto se trate de uma "história de amor" — de uma mulher de personalidade forte, Guiomar, assediada por três pretendentes a marido — enquadrada na fase "romântica" do autor, em vez dos recursos clássicos do romantismo — enredos rocambolescos, plenos de coincidências, reviravoltas, surpresas, suspenses — Machado, como já ocorrera no romance de estreia, Ressurreição, prefere um texto contido, minimalista em termos de trama, de análise psicológica, mas com uma elegância estilística que continuaria aperfeiçoando até atingir seus píncaros na chamada "fase realista". A história transcorre em Botafogo, então um simples arrabalde (o que hoje chamaríamos de subúrbio) repleto de aprazíveis chácaras.


3. Helena (1876)

Pertencente à fase romântica do autor, Helena já anuncia traços que fariam de Machado de Assis o grande nome do realismo brasileiro. Publicado em 1876, Helena pertence à primeira fase da obra de Machado de Assis. No romance, a protagonista de origens humildes é reconhecida em testamento como filha e herdeira do conselheiro Vale, um homem importante da elite carioca do Segundo Império. Após o espólio do pai vir à tona, Helena passa a viver na mansão da família do Vale com uma tia e Estácio, filho legítimo do conselheiro. Estácio não apenas aceita a meia-irmã como lhe devota um profundo e crescente carinho, por ela correspondido. Aborda tema das conflituosas relações de classe no Brasil do século XIX, coroados por um final surpreendente.


4. Iaiá Garcia (1878)

Considerado pela crítica como a melhor obra da chamada “fase romântica machadiana”, Iaiá Garcia foi o quarto dos noves romances publicados pelo autor. O enredo conta a história de Estela, uma das mais belas e éticas protagonistas machadianas, subjugada pela maior vilã das histórias de Machado, Valéria Gomes. Essa tem como dama de companhia Estela, que por sua vez, após se apaixonar por Jorge, filho de Valéria, vê-se afastada de sua paixão. Iaiá Garcia é uma história de enredo envolvente e possui muitas reviravoltas, com apelos sentimentais, mostrando o que o amor ou o orgulho são capazes de fazer diante dos valores individuais.


5. Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

O livro que, em 1881, Machado de Assis inaugura o Realismo no Brasil, é um dos livros mais importantes da literatura brasileira.  Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Com essas palavras, o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas resume a sua vida. O tom assumido na obra, bem como as técnicas empregadas na composição romanesca, são alguns dos fatores que justificam o lugar de Machado de Assis entre os maiores escritores do século XIX. Neste romance repleto de digressões filosóficas, o escritor se vale da posição privilegiada de Brás Cubas, que, como defunto autor, narra as suas desventuras e revela as contradições da sociedade brasileira do século XIX, por meio de uma análise aprofundada de seus personagens.


6. Casa Velha (1885)

O autor nunca chegou a ver Casa Velha publicado em formato de livro, o que ocorreu somente em 1944. Lançado em 25 episódios entre 1885 e 1886 na revista carioca A Estação, este texto sempre foi um enigma para estudiosos e leitores. Classificado ora como romance, ora como conto, Casa Velha narra a polêmica história de um amor a partir das lembranças de um padre, que faz um balanço das perdas e ganhos dessa paixão. Por meio dessa obra, Machado de Assis sugere que há um grande paralelo entre as esferas públicas e privadas da vida e mostra como um drama familiar pode ser um retrato acurado do Brasil do século XIX.


7. Quincas Borba (1891)

Um dos três grandes romances da fase realista de Machado de Assis, que narra as desventuras do provinciano Rubião, herdeiro do filósofo incompreendido Quincas Borba, na capital do Império. O romance a ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba - criador da filosofia "Humanitas" e muda-se para a Corte no final do século XlX. N viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, qua percebe estar diante de um ingênuo - e agora rico - provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.


8. Dom Casmurro (1899)

Escrito em 1899, este clássico da literatura brasileira é considerado uma das mais famosas obras do Realismo. Se você não cismar de sofrer com a língua que é diferente do português que a gente usa hoje em dia, vai se envolver à beça nessa história de amor entre Capitu e Bentinho, um dos romances mais famoso de todos os tempos. Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira.


9. Esaú e Jacó (1904)

Originalmente publicado em 1904, Esaú e Jacó trata de uma “história simples, acontecida e por acontecer”: dois jovens bem-nascidos, os gêmeos Pedro e Paulo, digladiam-se em intermináveis conflitos e reconciliações desde o útero da mãe até o começo da idade adulta. Os irmãos lutam pelo amor da jovem Flora Batista, cujo enredo é narrado em terceira pessoa pelo conselheiro Aires - alter-ego de Machado de Assis, que usa o personagem para as suas reflexões autorais. O narrador-personagem compartilha com o leitor suas indagações sobre a arte do romance. Ambientado no Rio de Janeiro durante os anos finais do Império e o início da República, o livro ecoa diversos acontecimentos da história do Brasil - incluindo a Abolição, a Proclamação da República e as revoltas contra o governo Floriano Peixoto -, além de passagens da Bíblia, da Divina comédia e do Fausto de Goethe.


10. Memorial de Aires (1908)

Memorial de Aires é o último romance escrito por Machado de Assis, publicado no mesmo ano de sua morte, 1908. Está organizado como uma série de entradas em um diário e, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, não tem um enredo único, mas compõe-se de vários episódios e anedotas que se interpermeiam. Aires era um conselheiro que sempre acompanhou Machado em suas histórias, geralmente como um amigo dos personagens. Reportava à figura do próprio Machado. Nesta obra, idolatra uma mulher, D. Carmo, que possivelmente possa ser inspirada em Carolina Augusta Xavier de Novais, o que é sugerido talvez pela coincidência dos nomes Aguiar e Assis, D. Carmo e Carolina, e também pelo fato do casal não ter filhos. Diz-se que se trata de obra machadiana de maior de caráter autobiográfico.

Em forma de diário, a narrativa de densa psicologia conta a história do conselheiro Aires, aposentado e já sexagenário, que se encanta com Fidélia, uma jovem viúva, ao vê-la depositando flores no túmulo do marido. A irmã de Aires, então, faz uma aposta com ele: ela acha que a jovem viúva não se casará novamente. Ele acha que sim. Quem ganhará a aposta?

 No enredo há temas substanciais como a morte, a solidão na velhice, e, como característica fundamental de Machado, a descrição das fraquezas humanas. Para muitos, o livro tem características autobiográficas, mas são apenas cogitações, o fato é que esta obra é uma síntese bem acabada das muitas histórias legadas pelo autor à nossa literatura.


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