Livro cinco pontos sobre a mesma

Nesta enriquecedora obra, e em poucas páginas, John Piper tem como intuito discorrer sobre uma posição bíblica positiva dos Cinco Pontos (TULIP) do Calvinismo, e o faz de forma simples e objetiva. No entanto, o propósito do livro não é a defesa do Calvinismo ou de qualquer outro sistema soteriológico, mas o de despertar, através dos Cinco Pontos, uma experiência mais profunda da soberana graça de Deus. Vejamos a sinopse:


Capa livro cinco pontos john Piper
Sinopse: Neste livro, John Piper fala sobre um tema fundamental do cristianismo: a graça salvadora de Deus, ao abordar os mistérios da obra redentora de Cristo, que comprou, ao preço de seu próprio sangue, o dom da fé para os Filhos de Deus. Piper trata ainda dos mistérios da alma humana e do Poder do Espírito de Deus, que conquista toda a nossa rebeldia, transformando-nos em servos fiéis.


Título: cinco Pontos | Autor: John Piper | Editora: Fiel (1ª Ed. 2018) | Gênero: Cristão | Páginas: 128 | Classificação: ⭐⭐⭐⭐⭐


De início, e em breve linhas, Piper perfaz o curso das raízes históricas dos Cinco Pontos, abordando que no ano de 1600 houve embate entre os arminianismo e o calvinismo. Os Armínio rejeitaram alguns ensinos Calvinistas, assim os arminianos formularam seu credo em Cinco Artigos e os apresentaram perante as autoridades políticas da Holanda em 1610, em resposta oficial aos artigos dos Armínios, os Calvinistas afirmaram os Cinco Pontos, que em algum momento da história foram resumidos no acrônimo TULIP, que são:

T – [T otal depravity] – depravação total 

U – [Unconditional election] – eleição incondicional 

L – [Limited atonement] – expiação limitada 

I – [Irresistible grace] – graça irresistível 

P – [Perseverance of the saints] – perseverança dos santos

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Não começo como um calvinista, nem defendo um sistema. Começo como um cristão que crê na Bíblia e deseja colocá-la acima de todos os sistemas de pensamento. Mas, no decorrer dos anos – muitos anos de luta – tenho aprofundado minha convicção de que os ensinos calvinistas sobre os cinco pontos são bíblicos e, por isso, verdadeiros e, consequentemente, um caminho precioso para experiências mais profundas da graça de Deus.



Após o sucinto comentários dos acontecimentos históricos, Piper começa a explanação sobre os Cinco Pontos, que foram apresentando por tópicos, porém não seguiu a ordem do acrônimo TULIP, por acreditar que há uma melhor compreensão dos Pontos quando abordado na forma em que é experimentado na vida do cristão, ou seja,  a sequência de leitura depende da vivência de cada um. Assim, a ordem seguida por Piper foi: Depravação total, Graça irresistível,  Expiação limitada, Eleição incondicional e  Perseverança dos santos. O livro está dividido em nove capítulos, dos quais, cinco são cada um dos Pontos, cada um deles explanado de forma clara e coesa. 

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Piper nos conduz por páginas de relevante reflexão, iniciando pela depravação do pecado com a qual o homem natural encontra-se imerso, precisando urgentemente da graça de Deus para emergir, além da necessidade de abandonar sua autoconfiança depositando-a nas  misericórdias de Deus. O leitor é levado a reconhecer sua depravação, pois esse conhecimento afeta tanto a forma de adorar a Deus quanto a de tratar as pessoas. E, a resistência que o ser humano tem contra Deus é vencida pela graça irresistível e salvadora, levando o a confiar na suficiência da morte de Cristo pelos nossos pecados. Instiga-o a descobrir que a eleição incondicional de Deus escolheu aqueles que seriam libertos do pecado e levados ao arrependimento e assim, descansar na  graça soberana de Deus que nos fortalece para que possamos prevalecer na fé.


A perseverança dos santos não é a garantia da perfeição e sim de que Deus nos manterá combatendo o combate da fé, para que odiemos nosso pecado e nunca façamos paz duradoura com ele.


Cinco Pontos é um livro que possui um conteúdo profundo sobre o poder e soberania da graça de Deus na obra redentora de Cristo. Piper utiliza citações bíblicas para embasar seu contexto, nos induzindo a um estudo mais intenso. Com uma linguagem de fácil compreensão é ideal para quem busca entender as doutrinas da graça, também uma excelente dica para estudo em grupo. Uma leitura relevante para vida, escrito por um ícone da literatura cristã, que nos conduz para um encontro com a maravilhosa graça de Deus.



Quotes 

Quanto mais conhecemos a Deus, e o amamos, e confiamos nele, tanto mais anelamos conhecê-lo. [...] Qual o fim principal do homem?” e responde: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”.2 Gozar a Deus é a maneira de glorificá-lo, porque Deus é mais glorificado em nós quando somos mais satisfeitos nele.


Para experimentarmos plenamente a Deus, precisamos saber como ele age, mas também, em especial, como ele nos salva – como ele me salvou?


Pode haver muitas lágrimas quando procuramos julgar nossas ideias pelo fogo provador da Palavra de Deus.


Deus é uma rocha de fortaleza em um mundo de areia movediça. Conhecê-lo em sua soberania é tornar-se como um carvalho no vendaval de adversidade e confusão.


Sem a graça de Deus, não há nenhum prazer na santidade de Deus e nenhuma submissão prazerosa à sua autoridade soberana.


O fato de que o homem em seu estado natural busca genuinamente a Deus é um mito. Os homens buscam realmente a Deus. Mas eles não o buscam por causa do que ele é. Os homens buscam a Deus, se necessário, como alguém que possa guardá-los da morte ou aumentar seus prazeres mundanos. Sem a conversão, ninguém vem para a luz de Deus.


O Espírito Santo, sempre que quer, pode vencer toda a resistência e tornar sua influência irresistível.


A graça irresistível se refere à obra soberana de Deus em vencer a rebelião de nosso coração e trazer-nos à fé em Cristo, para que sejamos salvos.


Se não houver a ação contínua da graça salvadora, sempre usaremos nossa liberdade para resistir a Deus.


Isto deve deixar evidente que a graça irresistível nunca significa que Deus nos força a nos arrependermos ou a crermos ou a seguirmos a Jesus, contra a nossa vontade. Isso seria uma contradição, porque o crer, o arrepender-se e o seguir a Jesus são sempre espontâneos, pois, do contrário, seriam hipocrisia. 


A graça irresistível não arrasta o indisposto para o reino; ela muda a disposição do coração. Ela não opera com constrangimento a partir do exterior, como algemas e cadeias. Ela opera com poder a partir do interior, como nova sede, nova fome e desejo impulsionador.


Aqueles que são chamados têm seus olhos abertos pelo poder soberano e criativo de Deus, para que não mais vejam a cruz como loucura, e sim como o poder e a sabedoria de Deus.


Não produzimos o novo nascimento por meio de nossa fé. Deus produz a nossa fé por meio do novo nascimento. [...] Crer em Jesus não é a causa de sermos nascidos de novo; é a evidência de que fomos “nascidos de Deus”.


A expiação é a obra de Deus em Cristo, na cruz, pela qual ele completou a obra de sua vida perfeitamente justa, cancelou a dívida de nosso pecado, satisfez a ira santa de Deus contra nós e ganhou para nós todos os benefícios da salvação.


Perseverar na fé não significa que os santos não passam por tempos de dúvida, trevas espirituais e falta de confiança nas promessas e na bondade de Deus. “Ajuda-me na minha falta de fé” (Mc 9.24) não é uma oração contraditória. Incredulidade pode coexistir com uma fé verdadeira.


O papel da obediência em nossa justificação é dar evidência de que nossa fé é autêntica.


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