Livro razão e sensibilidade sobre a mesinha

Publicado pela primeira vez em 1811, o clássico mundial “Razão e sensibilidade” (Sense and Sensibility) foi lançado em três volumes. É o primeiro livro publicado da autora inglesa Jane Austen, que usou o pseudônimo de “A lady”. Austen era uma mulher com uma visão muito além do seu tempo, em sua escrita ela faz um escopo do ambiente ao qual vivia, do patriarcado dominante daquela época, em que  umas das maiores preocupações das famílias era casar bem os filhos, ao mesmo tempo que retrata as mulheres, não apenas como submissas, mas como mulheres de coragem, força, resiliência e inteligência.


Capa livro Razão e sensibilidade

Sinopse: Razão e Sensibilidade é um livro em que as irmãs Elinor e Marianne representam uma dualidade, de maneira alternada, ao longo da narrativa. As expectativas vividas pelas duas com a perda, o amor e a esperança, nos aponta para um excelente panorama da vida das mulheres de sua época. As irmãs vivem em uma sociedade rígida, e ambas tentam sobreviver a esse mundo cheio de regras e injustiças. Tanto a sensível e sensata Elinor como a romântica e impetuosa Marianne se veem fadadas a aceitar um destino infeliz por não possuírem fortuna nem influências, obrigadas a viver em um mundo dominado por dinheiro e interesse. As duas personagens passam por um processo intenso de aprendizagem, mesclando a razão com os sentimentos em busca por um final feliz.

Título: Razão e sensibilidade | Autora: Jane Austen | Editora: Principis (3⁰ Ed. 2020) | Gênero Romance de Época | Páginas: 288 | Classificação: ⭐⭐⭐⭐


Citação e cena  do filme razão e sensibilidade
Conheça sua própria felicidade.
você só precisa de paciência,
ou se quiser um nome mais fascinante,
chame isso de esperança. (p. 81)


As irmãs Elinor e Marianne são filhas do segundo casamento Sir. Dashwood. Elinor, a mais velha, é centrada e prudente. Já Marianne, a irmã do meio, é extremamente romântica, impetuosa e ousada. Ambas tem expectativas sobre a vida completamente diferentes. A primeira pensa e age com racionalidade enquanto a segunda pelo impulso do momento, pois acha que tudo dever ser vivido, falado e sentido intensamente. Elas são a razão e a sensibilidade. Foram muito bem educadas e, apesar, de viverem entre pessoas consideradas de prestígio na sociedade, não eram ricas. 


Não entendo porque as pessoas fazem tanto alarde por causa de dinheiro e grandeza. (p. 194)


Em fase de luto elas se mudam para Devonshire, juntamente como a Sra. Dashwood e sua irmã caçula Margareth. Ao contrário do que imaginavam, é neste novo ambiente que a família viverá toda a euforia de sentimentos e emoções, com novas pessoas, novos ares, novas perspectivas de vida com nuances de paixão. O cerne da história é o paradoxo entre as ideias e pensamentos das irmãs. O amadurecimento de ambas no curso da trama é perceptível, com os acontecimento imprevistos, entre dores e sorrisos elas são obrigadas a rever seus conceitos para encontrarem um meio termo entre as explosões de emoções pelas quais são acometidas. Como neste diálogo entre Elinor e Marianne:


– Você  não tem ambição, eu sei bem. Seus desejos são todos moderados. 

 – Tão moderados quanto os do resto do mundo, acredito. Desejos, assim como todo mundo, ser feliz. Mas, como todos, quero ser feliz à minha maneira. A grandeza não me fará feliz.

[...] – O que tem riqueza ou grandeza a ver com a felicidade?

– Grandeza tem pouco – disse Elinor – mas a riqueza tem muito a ver.

– Elinor que vergonha! – disse Marianne – O dinheiro só pode dar felicidade onde não há mais nada que a proporcione. Além de certo bem-estar, não dá nenhuma satisfação real, no que diz respeito à vida interior.

 – Talvez – disse Elinor, sorrindo – possamos Chegar à mesma conclusão. Seu bem-estar e minha riqueza são muito parecidos, ouso dizer, e sem eles, como o mundo anda agora, nós duas concordamos que todo tipo de conforto externo poderá faltar. Suas ideias são apenas mais nobres do que as minhas. Vamos, quanto vale o seu bem-estar? (p. 71-72)


O livro "Razão e sensibilidade, narrado em terceira pessoa, é um grande duelo entre a racionalidade e o sentimentalismo na busca da plena felicidade  numa sociedade hipócrita em que a masculinidade predomina e o poder aquisitivo sobressai, preponderantemente, sobre o índole. Apesar de tudo acontecer muito lentamente, a leitura não é cansativa, pois, com sua escrita rebuscada, Jane Austen nos absorve com seus personagens sensíveis e cativantes, num cenário extremamente romântico, que dá assas a imaginação, e com sua riqueza de detalhes nos transporta para vivenciar a sociedade rural georgiana retratada. A escrita da autora é encantadora, não é à toa que seus livros são lidos há séculos, além de ter várias adaptações cinematográficas. 


– Muitas vezes percebi-me cometendo esse tipo de erro – disse Elinor – em uma má interpretação absoluta do caráter em algum ponto ou outro. imaginei pessoas mais alegres ou sérias, ou inteligentes ou estúpidas do que realmente são, e é difícil saber o motivo ou a origem do engano. Às vezes, somos guiados pelo que elas dizem de si mesmas, e muitas vezes pelo que outras pessoas dizem delas, sem nos dar tempo para deliberar e julgar. (p. 74)


[...] Onde a mente talvez não esteja disposta a se convencer, sempre encontrará algo para apoiar suas dúvidas... (p. 130)

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